Governo estuda fim do saque-aniversário do FGTS e propõe mudanças no uso do fundo
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um dos principais direitos dos trabalhadores formais brasileiros, garantido àqueles contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) . Desde o início do vínculo empregatício, uma conta específica é aberta em nome do trabalhador na Caixa Econômica Federal, onde são depositados mensalmente 8% do seu salário bruto pelo empregador.
Essa reserva tem o objetivo de constituir uma espécie de poupança a longo prazo, a qual pode ser acessada em situações definidas por lei, como demissão sem justa causa, aposentadoria, compra de imóvel e doenças graves. Contudo, desde 2019, surgiu uma nova opção: o saque-aniversário, que permite ao trabalhador retirar anualmente uma parte do saldo acumulado no mês de seu aniversário.
A polêmica do saque-aniversário
A modalidade do saque-aniversário trouxe flexibilidade para os trabalhadores, permitindo que, ao invés de esperar por uma situação específica, pudessem ter acesso parcial ao FGTS anualmente. No entanto, quem adere a essa opção perde o direito de sacar o saldo total em caso de demissão sem justa causa, conhecido como saque-rescisão, o que tem gerado controvérsia.
Embora tenha se tornado uma escolha popular entre os brasileiros, com mais de 35 milhões de adesões, o saque-aniversário está sob forte análise e pode estar com os dias contados. Desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério do Trabalho e Emprego, liderado por Luiz Marinho, tem questionado os benefícios dessa modalidade.
Planos para o futuro: fim do saque-aniversário e novas alternativas
O ministro Luiz Marinho tem se posicionado firmemente contra o saque-aniversário, alegando que a modalidade compromete a função original do FGTS, que deveria servir como uma poupança de longo prazo, destinada a situações mais urgentes na vida do trabalhador, como a perda de emprego ou a compra da casa própria.
Inicialmente, a proposta era extinguir o saque-aniversário sem oferecer uma alternativa clara. No entanto, as discussões evoluíram, e Marinho passou a sugerir a criação de um novo formato, que permitiria ao trabalhador utilizar o saldo do FGTS como garantia para a contratação de empréstimos consignados. Essa nova proposta visa dar mais segurança financeira ao trabalhador, sem que ele perca o direito ao saque integral em casos de demissão.
Resistência no Congresso e o debate em andamento
A proposta de substituir o saque-aniversário por uma modalidade de empréstimo consignado ainda enfrenta resistência no Congresso Nacional. Muitos parlamentares questionam se essa seria realmente a melhor opção para os trabalhadores e se a mudança preservaria o caráter protetivo do FGTS. Além disso, há preocupações sobre o impacto dessa alteração para os milhões de brasileiros que já aderiram ao saque-aniversário.
Apesar da resistência, o governo continua buscando apoio para a aprovação da medida, argumentando que o novo formato de uso do FGTS ofereceria mais vantagens ao trabalhador, ao possibilitar o acesso a crédito de forma mais controlada, sem comprometer a poupança destinada ao futuro.
Proteção ao trabalhador e a missão original do FGTS
Para Luiz Marinho, a alteração é necessária para resgatar a função primordial do FGTS: ser uma garantia de estabilidade financeira em momentos críticos. Segundo o ministro, o saque-aniversário, ao permitir a retirada recorrente de valores, prejudica a construção de uma reserva sólida para o futuro dos trabalhadores, especialmente em tempos de crise.
O objetivo é que o FGTS volte a ser visto como uma poupança estratégica, a ser utilizada em momentos específicos e de maior necessidade, e não como uma fonte de recursos imediatos. Para Marinho, o trabalhador deve ter acesso a linhas de crédito que utilizem o FGTS como garantia, mas sem comprometer a solidez do fundo.
Fonte: contabeis.com.br